Existem dezenas (se não centenas) de tipos de espaços livres: alguns desenhados pelo homem; outros, pela natureza. Considerando os espaços livres como os que não são construídos, abertos, de livre acesso ou não à população, pode-se qualificar nessa categoria todo o espaço natural constituído por rios, praias, mares, matas e florestas. Como espaços desenhados pelo homem pode-se citar desde os campos de futebol desenhados com cal em terrenos baldios até os parques mais elaborados por equipes de arquitetos e ecólogos – mirantes, jardins, conjuntos esportivos, cemitérios, campi universitários, unidades de conservação ambiental, parques, praças, ruas, calçadas.
Nessa série de posts serão abordados apenas os espaços livres urbanos mais comuns e presentes no Brasil e outros, ainda não tão difundidos aqui, mas que apresentam grande potencial para tal, criando espaços inovadores e ricos. São eles: ruas, calçadões, woonerfs, pátios, praças, pocket parks e parques.
O QUE É UM POCKET PARK?
O conceito de pocket park (na tradução literal, parque de bolso) surgiu em 1967, em Nova Iorque, com a criação do Paley Park (figura 01). A área onde havia uma casa noturna, com terreno de 13 m x 30m, próximo à Quinta Avenida e no centro de Manhattan – onde o valor do metro quadrado está entre os mais caros do mundo –, deu lugar a um espaço verde, ao ar livre, de livre acesso à população, criando um tipo de espaço de interesse público inédito na história da arquitetura. (COOPER; FRANCIS, 1988).
Pocket parks são pequenas áreas de lazer, ou mini parques, inseridas na malha urbana e que funcionam como pequenos oásis urbanos, onde é possível alcançar a tranquilidade mesmo em locais densos e de trânsito congestionado. O conceito previa a existência de cascatas que remetessem a questões da natureza e afastassem a poluição sonora da cidade, mobiliário leve, de fácil movimentação pelo público, máquinas de sanduíche e bebidas e fechamento noturno. Em relação ao desenho, podem apresentar desníveis desde que não configurem separação física e visual do espaço público e do passeio. Alguns possuem pergolados e coberturas que amenizam a insolação e protegem de ventos e chuvas.
Figura 01. Palley Park, New York, USA. Foto: Tatiana Daher Rocha, out. 2011.
Muitos pocket parks foram criados pelo mundo: alguns alterando as características conceituais e dando origem a uma nova variedade de espaços de interesse público;outros, privados. Servem como áreas para pequenos eventos, parques infantis, áreas de encontro, áreas para lanches e cafés, sempre em pequenos lotes e com alcance apenas da escala local.São frutos de parcerias público-privadas, mantidos por organizações de bairro ou por comerciantes próximo ao local, que se beneficiam do seu uso (figura 02).
Figura 02. Pocket Park na rua Amauri, bairro do Itaim, São Paulo, SP. Foto: Evy Hannes, out. 2015.
A importância do pocket park no contexto urbano se dá pela apropriação pública dos espaços livres, pela criação de áreas de descanso em meio a ambientes densamente urbanizados, como áreas de estar, pela oportunidade de permanência, por serem lugares protegidos, que é possível ficar, fazer uma pausa, atender o telefone, checar um endereço, olhar um mapa ou cumprimentar um conhecido. Como bem apontado por Gehl:
'Sempre que as pessoas param um pouco, elas procuram lugares no limite do espaço, um fenômeno que pode ser chamado de efeito dos espaços de transição. [...] esses espaços têm vários benefícios importantes: espaço à frente para ver tudo, as costas protegidas de modo que não surja nenhuma surpresa [...] e bom apoio físico e psicológico. '(GEHL, 2013, p. 137).
Na sequência mostro alguns outros exemplos de espaços que podemos categorizar como pocket parks.
Pocket Parque Formosa, projetado por Katherine Spitz Associates, West Hollywood, Califórnia. Imagem: KSA design studio.
Pocket Park na 685 Third Avenue, 685, Nova Iorque. Imagem: Gensler.
Greenacre Park, New york, projetado por Pocket Park Pracinha Oscar Freire, Rua
Hideo Sasaki. Imagem: Sasaki.com. Oscar Freire, SP. Imagem: Noctula Channel.
Havenhurst Pocket Park, West Hollywood, Califórnia. Projetado por Katherine Spitz Associates, KSA associates. Imagem: KSA associates.
Pocket Park Moema, rua Cotovia, São Paulo.
Pocket Park Store Street, Londres, projetado por Moxon architects. Imagem: Architects journal UK.
Pocket park 50th Street Commons, New York. Imagem: Inhabitat.
Pocket park Main Steet, Texarcana, Arkansas. Imagem: Texarcana central.
Pocket park Chelsea Street Playground, Sydnei, Austrália. Imagem: Green magazine AU.
Esse texto é parte do artigo: Espaços abertos e espaços livres: um estudo de tipologias.
HANNES, Evy. Espaços abertos e espaços livres: um estudo de tipologias. Paisagem e Ambiente, n.37, p. 121-144, Junho 2016.
Adorei este artigo. Já viajei bastante e sempre vi jardins como esse lá fora. Aqui em São Paulo, vi alguns desses jardins. E curti bastante. Não sabia que se chamavam de pocket parks. Será que existem pocket gardens? Trabalho com gramas, e acho que seria top capricharem nos gramados. O único problema é que muitos desses parques e jardins, a incidência do sol é baixa, e grama não curte muito sombra. No máximo, a Grama São Carlos http://realgramas.com.br/pt/grama/grama-sao-carlos
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