A conceituação de espaços livres é relativamente simples, mas ampla quando aborda questões relativas ao espaço público e ao privado. São definidos como qualquer espaço livre de edificação ou de urbanização e como espaços destinados ao trabalho dos arquitetos paisagistas. Podem, também, ser chamados de espaços abertos, e representam os espaços livres de um volume edificado, sendo estes públicos ou privados, como ruas e calçadas, parques e praças, quintais residenciais, áreas livres de lazer em condomínios, recuos de construções, pátios internos, estacionamentos descobertos, terrenos baldios, rios, áreas verdes e outros.
Toda cidade tem um sistema de espaços livres, e esses espaços são fruto do seu processo de urbanização e formação.
O parcelamento do solo, as construções e o arruamento dão origem a inúmeras tipologias de espaços e diversas formas de apropriação das mesmas. Tendo ou não sido criados para uso específico – como os calçadões, que permitem melhor circulação de pedestres por vias densas de comércio – o espaço livre, ou aberto, torna-se palco para diversas formas de expressão da sociedade. São espaços de encontro, lazer, práticas esportivas e manifestações.
Mapa de cheios e vazios na área da Praça da República, São Paulo, mostrando em branco as áreas livres privadas e públicas da região. Desenho de Barbara Frutuoso e Volia Regina Costa Kato.
O termo espaço livre, muitas vezes, é confundido ou usado erroneamente para denominar espaços públicos. O mesmo também acontece quando um espaço de propriedade particular é tido como público devido à sua apropriação.
Por isso é importante conceituar e diferenciar os termos espaço público e esfera pública.
Esfera pública é a esfera de vida correspondente às ações humanas, está ligada às relações da sociedade, à comunicação e às discussões políticas. Dessa forma, pode-se entender como esfera pública todo espaço onde se dão as relações da sociedade, o convívio público; todo espaço onde as pessoas se encontram, onde acontecem as manifestações coletivas humanas. Tais acontecimentos independem do tipo de propriedade do espaço em que ocorrem, podendo acontecer em espaços públicos ou privados. A esfera privada tem ligação com a família e os interesses privados dos cidadãos, e não da coletividade.
Encontro de pessoas para evento (esfera pública) gratuito em shopping center (espaço privado). Foto: Bragança Garden Shopping.
Espaço de propriedade privada é aquele que pertence a uma pessoa física ou instituição, podendo ser aberto ou não ao uso do público. Como exemplos de espaços abertos privados podemos citar: quintais residenciais, pátios escolares, campos de futebol particulares, áreas de lazer de condomínios, jóquei clubes e outros. São espaços fragmentados, de tamanho e composição muito diversificados. Os quintais residenciais são espaços de grande valor ambiental e paisagístico para a cidade, mas sofrem constante transformação, perdendo esse potencial, já que frequentemente são transformados em áreas cimentadas e cobertas, dando lugar a vagas de garagem e edículas.
Estádios são espaços privados que servem à esfera pública. Foto: Juan Maalmazan.
Espaço público é aquele de uso comum, de propriedade pública. Eles podem ser abertos e de livre acesso ao público, como as vias de circulação e áreas de lazer – praças, parques e praias. Também podem ter acesso restrito ao público em geral, como prefeituras, fóruns, instituições de ensino e hospitais.
Espaços de propriedade privada podem ser de grande interesse e apropriação pública e correspondentes à esfera pública da vida
É importante ressaltar que espaços de propriedade privada podem ser de grande interesse e apropriação pública e correspondentes à esfera pública da vida, como é o caso dos estádios de futebol, universidades, parques temáticos e espaços livres de edificações privados, como a praça do Brascan Century Plaza, no bairro do Itaim, São Paulo, que possibilita a apropriação do espaço em determinados horários e com certas restrições de uso.
Praça do Brascan centrury Plaza, Itaim, São Paulo. Foto: Nelson Kon.
O quintal da Casa das Rosas, localizada na Avenida Paulista em São Paulo, que oferece, além da passagem entre a Alameda Santos e a avenida Paulista, espaços para descanso e até para café ou almoço nas mesas do restaurante que se localiza em seu interior, também se enquadra nessa categoria, bem como a praça sob o vão do Museu de Arte de São Paulo (MASP), com sua tradicional feira de antiguidades.
Área entre a Casa das Rosas e o Edifício Parque Cultural Paulista que permite a travessia entre a Avenida Paulista e a Alameda Santos, em São Paulo. Foto: Ari Soares, blog Todososcaminhos.
Todos esses espaços servem de exemplo para o que o prof. Eugênio Queiroga (FAU USP) denomina espacialidades da esfera pública (QUEIROGA, 2012), que caracterizam os espaços onde se praticam atividades em sociedade.
Feira de antiguidades sob o vão do Masp, São Paulo. Foto: Ma Scaquetti, blog Voudefloral.
Excelente artigo! Gostei muito das ideias de todos, e fotos! Muito sucesso a todos! E, lógico, cuidem-se do Covid!!! Adri da
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